sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Esperança para além do pecado - Uma leitura sobre Jonas





O profeta Jonas, Museu de Zakynthos, Ilhas Jónicas (Grécia). Século XVIII.


O pecado engole as pessoas qual um tubarão. Ele é insaciável e torna-se bem real quando fazemos dos bens materiais os nossos deuses, da cupidez a nossa deusa, do engano um modo de vida. Subtilmente nos rodeia através das coisas doces da vida, que apenas servem o homem, da humilhação ao próximo, em nome do poder próprio. Ele se torna qual "águas me cercam até à alma, o abismo me rodeou e as as algas se enrolaram na minha cabeça." (Jonas 2:5). O pecado que não deixa vislumbrar uma saída, que arrasta cada um de nós "até aos fundamentos dos montes: os ferrolhos da terra correram sobre mim para sempre" (Jonas 2:6).
Todavia, por mais fundo se sinta uma pessoa, por mais cercada dos altos muros negros se veja, continua a haver uma esperança, uma salvação, na condição de algo ser feito a partir da própria pessoa: "Na minha angústia clamei ao Senhor" (Jonas 2:2).
Clamar ao Senhor - é esta a primeira condição, porque não se pode esperar pela salvação se formos alheados a Deus. Um primeiro passo, pequeno e grande ao mesmo tempo. Uma decisão, a escolha do livre arbítrio com que Deus nos dotou. Dar, dentro do nosso coração, este passo de clamar pelo Senhor: "Na minha angústia clamei ao Senhor e Ele me respondeu; do ventre do inferno gritei e ouviste a minha voz " (Jonas 2:2).
Não importa, quanto fraca seja a nossa voz, o quanto nos sentimos enleados no pecado, porque Deus é o pai atento que ouve o mais débil dos nossos suspiros e o traz para o seu seio. "Quando desfalecia em mim a minha alma, eu me lembrei do Senhor; e entrou em Ti a minha oração, no templo da Tua santidade" (Jonas 2:7).
E ouvindo o clamor de quem quer entrar na santidade de Deus, Ele responde: "mas livraste a minha alma da perdição, ó Senhor meu Deus" (Jonas 2:6).
E sentindo a centelha de Deus em nossas almas, essa centelha que nos livra do pecado, que a gratidão seja o pilar nas nossas orações, porque "do Senhor vem a salvação" (Jonas 2:9)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Na madrugada




Rompe meu espírito
o escuro da madrugada,
ansiando sentir a centelha de Deus.

Um leve suspiro,
mais ténue que a luz das estrelas,
passa meus lábios:
meu Deus, perdoa-me os pecados!

Qual criança que corre
para os braços de sua mãe,
minha alma clama ao Pai:
abre-me os caminhos para estar junto de ti!

Um frémito mais leve
que o alvor que ainda não passou
o horizonte
e minha alma oferece o sacrifício por todos.

E como um raio
que fende a escuridão,
sorrio-me em nome de Jesus:
Meu Deus,
tu existes!

sábado, 17 de setembro de 2011

Sexta, final de tarde - Um vislumbre de Deus

Foto: Carlos Lopes/Público (arquivo)
Regresso a Lisboa pela Ponte Vasco da Gama, neste final de tarde de sexta-feira. Sobre os sapais do Samouco, deixo os meus olhos espairecerem na tranquilidade da paisagem: as salinas com alguma água, as aves tranquilas que se alimentam nas marismas, mais adiante as pequenas ondas do Tejo batido pela nortada que beijam o estreito areal da margem. E como tela de fundo, a ponte a perder-se na neblina suave da tarde, a massa da cidade enorme, volumes, num jogo de luz dourada e sombras, iluminados pelo Sol poente. E acima, um céu pálido de nuvens esbatidas. Se Deus já é tão bom em nos dar tudo isto de graça, imagine-se o que não dará a quem cumpre a Sua Vontade!
E deixo a minha mente viajar: 'Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!' (Salmos 8: 1)