domingo, 8 de abril de 2012

Mais o que nos une que o que nos separa

Abraão, pai espiritual do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo (Michelangelo Caravaggio - Itália, 1571-1610)

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Louvado seja Deus, Senhor do Universo.
Clemente, o Misericordioso,
Soberano no Dia do Juízo.
Só a Ti adoramos e só a Ti imploramos ajuda!
Guia-nos à senda recta,
À senda dos que agraciaste, não dos abominados, nem à dos extraviados

Pai nosso que estais no céu,
santificado seja o Vosso Nome,
venha a nós o Vosso Reino,
seja feita a Vossa Vontade assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia que nos dai hoje,
Perdoa as nossas ofensas assim como nós
perdoamos a quem nos tem ofendido.
Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Porque grande é o Poder, a Honra e a Glória.

Serão assim tão diferentes? Uma são os primeiros versículos do Corão, a outra a oração principal dos cristãos...

O túmulo vazio

"Noli me Tangere". Abraham Janssens (figuras) e Jan Wildens (paisagem), Pintura Séc. XVII - Museu de Belas/Artes de Dunkerque, França.

Poderia ter sido numa linda manhã como a de hoje que Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago e várias outras mulheres que seguiam a Jesus desde a Galileia (Lc 24: 10) chegaram ao sepulcro e ficaram confusas ao verem-no vazio.
"Levaram o corpo do Senhor e não sabemos onde o puseram". As palavras de Maria Madalena para Simão Pedro revelam a sua desorientação, a sua frustração, o seu medo.
Quantas vezes olhamos para nós mesmos e não sabemos onde está o Senhor! Olhamos para a nossa vida e à nossa volta, para as nossas famílias, para o nosso trabalho, para aquilo que nos rodeia e não sabemos onde está o Senhor. Chegamos mesmo a ir à igreja e as suas paredes são paredes de túmulos vazios. Onde está o Senhor?
Apesar da nossa cegueira, o Senhor está entre nós. É aquele que aparece a Maria Madalena quando ela chora sobre o túmulo e que julga ser o hortelão (Jo 20: 15). É Jesus escondido naquele que nos pergunta e que quer que confessemos o nosso sofrimento para ao o confessarmos, nos consolar.
É o Jesus que aparece aos discípulos e os envia com a mesma missão com que o Pai o enviou, soprando sobre eles o Espírito Santo (Jo 20: 21-22). É o Jesus que manda uma vez mais Pedro lançar as redes e de seguida o manda apascentar as suas ovelhas (Jo 21: 15-17).
Este é o Jesus que não está mais no túmulo, mas vivo em cada um dos nossos corações, o Filho de Deus que está no meio de dois ou mais que se reunam em Seu nome (Mt 18:20). O Jesus que sopra sobre nós os dons do Espírito Santo para que revelemos a sua Glória, para que, tal como Simão Pedro, apascentamos as Sua ovelhas, mesmo que em momentos O tenhamos negado. Porque Jesus também perdoa ao reconhecer as nossas lágrimas de arrependimento.
Hoje é Páscoa, é tempo de renovação. Foi a renovação na vida do Povo de Israel ao abandonar a terra do Egipto, é a renovação da Aliança de Deus para com a Humanidade, através da ressurreição de Seu Filho. É tempo de alegria, tempo de vermos ao Senhor nas nossas vidas, uma vez mais, mesmo que esteja escondido pela cegueira dos nossos olhos. Aleluia!


Desselem-se os nossos ouvidos,
Senhor,
à Tua Palavra;
Soltem-se as nossas bocas
em Teu louvor,
oráculo de Deus!
Abre-nos, Senhor
o Teu seio
e acolhe-nos,
como se acolhem confiados os filhos
em casa de seu Pai!